terça-feira, 27 de outubro de 2009

A verdade no silêncio

Eram quatro horas da manhã, numa madrugada amena que batia às portas do Verão. Um choro fraquinho rompeu aquele corredor escuro, apenas iluminado por uma luz de presença ao fundo. A mulher de meia idade que vestia uma bata branca dizia no meio de um sorriso de profundo alívio "uma menina!!!". Seis anos passaram numa infância feliz...
Aquele campo verde cheio de flores amarelas era o paraíso da criança que corria de manhã à noite sem nunca cansar. Os cavalos galopavam, as ovelhas pastavam e os outros animais passeavam em liberdade pela quinta. Manuel, homem de feições já gastas pelos desgostos da vida, ordenhava as vacas e Beatriz muito gostava de um gole daquele leite, que ainda quente, caía no balde.

Era hora de voltar a casa, do recolher dos animais, mas Beatriz ficava sempre feliz porque tinha a certeza que o dia seguinte seria ainda melhor. O tempo assim não custa a passar. Manuel, sempre com palavras doces lá ia levando a sua menina aos pais que a esperavam sempre carinhosamente com um sorriso nos lábios. Mas não eram únicos... A velhinha, pequenina, de feições suaves, lá estava sempre sentada na sua poltrona, na entrada da cozinha de forno, onde todos os dias se faziam todas as refeições. Mesa farta aquela, sempre cheia de tudo. Comprida quando se esticava no chão pois todos os dias recolhia à parede duas ou três vezes.
Mãezinha, assim se chamava a velhinha, esperava ansiosamente a sua menina com uma broinha pequenina que o forno de lenha cozia sempre juntamente com o pão de cada dia. E a menina comia... Sabia-lhe tão bem!!!
Mas os dias foram passando e chegou o dia que Beatriz foi morar numa casa grande na terra do pai. Era uma casa linda...mas nada se comparava à sua casa do campo. Mas ela nada poderia fazer... Mudou-se, deixando para trás anos de uma liberdade que não conseguia descrever e que sabia nunca mais encontrar. Que seriam dos seus animais? E das corridas pela quinta? E principalmente do regresso a casa com o Manuel onde um pedaço de broa fresquinha a esperava todos os dias na mão da sua velhinha...
O acordar daquele dia cinzento foi bem diferente. Beatriz abriu a janela... avistou a estrada onde passavam alguns automóveis e algumas pessoas que não conhecia. Voltou a fechar. Uma lágrima gorda correu-lhe pela face rosada e caiu no parapeito. Olhou pela vidraça e lembrou de Manuel. O que estaria a fazer naquele momento? A levar as ovelhas a pastar no seu prado verde onde tantas vezes corria sem nunca cansar? A plantar a horta com aquelas couvinhas que tanto gostava de apanhar para dar aos coelhinhos? E a mãezinha? A quem daria a broinha quentinha? Uma segunda lágrima percorreu a sua face... Já não podia dar o beijinho ao Manuel nem comer o pão quentinho...
A saudade, por pouco tempo, tomou conta do seu coração, pois um chamado da mãe interrompeu os seus pensamentos. Eram horas de ir para a escola daqui a pouco e Beatriz precisava de se preparar.
Os dias pareciam todos iguais. Tudo se fazia porque fazia parte da vida. Na escola era uma aluna aplicada, mas gostava era de correr no recreio pois sentia um pouco da liberdade perdida.
Um dia foi para outra escola. Já mais crescidita todos os dias fazia uns quilómetros de autocarro. Fez novos amigos e o Manuel ia ficando para trás fazendo parte das lembranças de uma infância feliz.

Todos os dias acordava à mesma hora. Naquele dia nada foi diferente até o autocarro parar na paragem seguinte àquela em que entrou. Ouviu-se uma voz ao seu lado pedindo licença para sentar. Mas quem seria aquele rapazinho...com um olhar tímido, escondido entre um cachecol castanho? Claro que o deixou sentar mas nada falaram durante a viagem. O silêncio que se fazia sentir parecia querer dizer alguma coisa. A partir daquele dia Beatriz e Pedro nunca mais se largaram... viveram uma história de amor muito feliz.
Oito anos se passaram até que, quando o sino da igreja bateu as doze badaladas, lá se ouviu a marcha núpcial. Beatriz levada pelo braço de seu pai, subia o corredor que parecia não ter fim, avistando ao fundo, perto do altar enfeitado de branco, aquele que já nada teria de menino tímido mas que lá no fundo nunca deixaria de ser o seu companheiro de batalha.
Mais uma página virada e as recordações de criança ficavam cada vez mais longe.
Beatriz mudou novamente de casa, agora para partilhar uma vida a dois, cheia de projectos novos. Os dias que se seguiram foram de perfeita aventura. Partiram à descoberta de Portugal e cada cantinho encontrado tinha sempre algo de comum com os campos onde corria quando era criança. Voltava a ser, então, novamente muito feliz...
Uma vida de sonho, onde o sol parecia brilhar todas as manhãs, mesmo quando chovia.
Naquele dia do mês de Janeiro lá chegou a cegonha, cansada da longa viagem que havia feito, com algumas intempéries pelo caminho. Trazia no seu enorme bico acinzentado, um ser pequenino mas do tamanho do mundo. Seria a felicidade dos tempos seguintes.
É claro que os dias não seriam a mesma coisa a partir daquele dia. Mas Marcelo parecia querer perceber que a noite foi feita para dormir e sempre cumpriu bem o seu dever.
Naquele dia do mês de Maio, Pedro chegou perto de Marcelo e disse-lhe que nesse dia não iria à escola porque ia ver a sua mana que acabara de nascer. Maria era redondinha, rosadinha e muito pequenina. Chegou cheia de garra pois perto dela ninguém parava sossegado. Marcelo estava feliz!...
Pedro fixou longamente os olhos de Beatriz e o seu olhar transpirava uma felicidade que até metia medo. Adormeceram abraçados, conscientes de que assim valia a pena viver.

A primeira vez

Quero dizer que tenho dois filhos maravilhosos a quem amo muito.
Um está longe mas sempre no meu pensamento e no meu coração... a outra é a minha companheira dos bons e dos maus momentos. É uma princesa!!!

Ora seja bem aparecida...

Olá amigos, amigas e outros afins!!!
Cá estou eu numa nova etapa da minha vida. Sinto que construí um pouco mais de conhecimento. realmente estamos em constante aprendizagem.
De início não percebia nada disto e agora...cá estou eu com um blog criado.
Pretendo que este seja um espaço de partilha de conhecimento mas principalmente de emoções.
De que vou falar? Neste momento não sei... espera!!! Alguma coisa vai sair.